segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Alegrias e tristezas

Este fim de ano não tem sido fácil para a nossa família. Os meninos estão ótimos, muito espertos e brincalhões. As bisas, porém, não andam nada bem de saúde. E a tia-avó Marina, que adorava os trigêmeos, infelizmente nos deixou no mês de outubro. Que período triste! Mas a intenção deste texto não é ser baixo-astral, muito pelo contrário. Tenho pensado bastante no quanto os trigêmeos vêm nos ajudando a encarar o momento. A confusão e correria que provocam em nossa vida, muitas vezes nos deixando exaustos, agora estão sendo valiosas para o nosso bem-estar. 

A minha mãe, que perdeu a irmã e melhor amiga, tem voltado a sorrir a cada graça dos meninos. O meu pai, muito apreensivo com a debilitada saúde da minha avó Carmen, se desliga um pouco de tudo brincando com as crianças. O André está distante da avó, que mora em São Paulo e tem tido problemas de saúde, mas acaba ocupando a mente com cada evolução dos meninos. Eu também consigo ter mais ânimo, e a minha irmã, incansável com a criançada, também se distrai.

No Natal temos planos de viajar para que a avó do André conheça os bisnetos. Como ela não pôde se deslocar para o Rio por conta da idade e nós não tivemos coragem ainda de viajar com eles para uma distância maior, deixamos para este ano esse encontro, com direito a Papai Noel e tudo mais que o período de festas traz. Eles estão muito animados e falam bastante na viagem, afinal é a primeira vez que andarão de avião. Outro dia buscamos eles na creche mais cedo, para ir à pediatra, e o Gustavo desceu a escada dizendo "Vamos passear em São Paulo!" 

Felizmente, no mundo deles está tudo ótimo. Tem brincadeira, pessoas queridas sempre próximas, pracinha, festas e teatrinhos. É claro que eles não entendem o momento pelo qual os adultos estão passando, e nem queremos explicar nada, pois são muito novos. Mas um dia contarei a eles como nos ajudaram neste período. Também farei questão de lembrá-los de como a nossa querida tia Marina brincava de "dedo mindinho, senhor vizinho, fura-bolo..." com eles. E farei questão de que provem os deliciosos pastéis e o empadão de camarão que ela preparava para nós com tanto amor. Das nossas avós Carmen e Maria, que estão conosco, porém bem fraquinhas, quero que herdem a força e disposição (e a habilidade da vovó Carminha de fazer bolos e tortas maravilhosos!).

É, o ano não está mole, mas com muito amor pelos que já se foram, pelos que estão conosco e pelos que chegaram há pouco já agitando o nosso mundo, vamos caminhando!   

Bolinho de aniversário para a tia Marina, em setembro deste ano.

Farra no sofá com a bisa Carminha, quando ela estava bem de saúde.

Jogo da memória, com a família reunida.

Brincando juntos, no parquinho.


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Sobre o tempo

Por volta dos 10 meses de idade, os meninos gostavam muito de assistir ao DVD “Música de Brinquedo”, do Pato Fu. Talvez tenha sido nosso primeiro programa em família, pois o show prendia a atenção deles e nos agradava também. Nas primeiras frases da música “Sobre o Tempo”, sempre lembrávamos como a nossa noção da passagem dos dias havia se alterado desde o nascimento dos trigêmeos. “Tempo, tempo, mano velho, falta um tanto ainda, eu sei, pra você correr macio...”

Muitas vezes, ao encontrarmos alguém que não víamos havia alguns meses, ouvíamos a frase: “Como eles estão grandes. O tempo passa rápido!”. Aquilo não fazia o menor sentido para nós. Não, o tempo não passa rápido quando se está cuidando de três bebês ao mesmo tempo. Como disse um amigo nosso quando os meninos tinham poucos meses, “O tempo nessa fase só passa rápido para quem está de fora”.

Desde o primeiro momento com as crianças em casa, passamos a entender que, ainda que os dias continuassem tendo 24 horas, precisaríamos de um sistema de revezamento para chegar ao final deles em condições razoáveis. Nos primeiros meses, devido à prematuridade, foi necessário manter as mamadeiras de três em três horas mesmo de madrugada. O problema é que até o último bebê acabar de mamar e pegar no sono, o primeiro já estava quase na hora de acordar. E assim tínhamos a impressão de que a madrugada durava uma semana.

A sensação de lentidão dos dias só amenizou quando os meninos começaram a ir para a creche, fator crucial na retomada de certa normalidade na nossa vida (digo “certa” porque a adaptação e a baixa imunidade faziam com que voltassem muitas vezes para casa). Mas, para mim, o grande marco foi o aniversário de 2 anos, quando tive a percepção de que eles estavam entendendo e se comunicando melhor e se inserindo bem na rotina que criamos.

Hoje, os meninos já são capazes de passar algum tempo sentados juntos assistindo na televisão a um desenho que eles mesmos escolheram. Ou brincarem separadamente, cada um num canto da sala. E – estamos entrando nessa fase agora – brincarem juntos de pique-pega, bola ou carrinhos. Outra coisa que melhorou demais é que agora, mesmo que por alguns minutos, já é possível controlá-los com uma pessoa apenas, permitindo que outras consigam fazer atividades relevantes, tipo ir ao banheiro ou tomar um banho.

Enfim, estamos conseguindo respirar um pouco e curtir a evolução dos meninos. Brincar com eles têm sido muito prazeroso, e ouvir as pérolas dos três é divertidíssimo. Temos certeza de que, a cada dia que passa, esses momentos estarão mais presentes em nossa vida.  “Vai, vai, vai... Tempo amigo, seja legal. Conto contigo...”.


Momento raro de calmaria nos primeiros meses


Sinfonia de choro!


Mais uma!


Comportados no aniversário de 2 anos


Pintando quadrinhos em casa


Picolé na pracinha




terça-feira, 5 de julho de 2016

Três motivos para nunca desistir

Há cerca de um mês, recebi um e-mail de uma leitora do blog que está tentando engravidar. Ela, assim como eu, teve endometriose nos ovários e escreveu para saber mais sobre os tratamentos que fiz e acerca do processo todo em geral. Enquanto eu lhe respondia, pensei em tudo que passamos até a confirmação da gravidez, e resolvi compartilhar com vocês esse período marcado pela incerteza.

Primeiro preciso dizer que quando comecei a tentar engravidar foi mais por conta da endometriose, já operada. Não fosse esse dificultador, teríamos esperado mais, e acho que por isso não fiquei ansiosa logo de cara. Mas o tempo foi passando... e nada. Quando completamos um ano de tentativas, eu já estava tensa, e o André, aflito com a minha angústia. Segundo o médico, era hora de partir para um tratamento de reprodução.

Começamos direto na FIV, mais cara porém normalmente mais eficaz. Teria sido um ótimo momento para começar também um acompanhamento psicológico, mas eu estava tão focada em ser mãe que considerei a terapia desnecessária - um grande erro da minha parte, pois eu não sabia o quanto esse processo de fertilização pode nos desgastar emocionalmente.

São várias fases. Na primeira, você recebe (ou se autoaplica) as injeções de hormônios que estimulam a produção de óvulos. Remédios extremamente caros, diga-se de passagem! E, enquanto ovula, o médico monitora a quantidade de óvulos através de ultrassonografias diárias. Passada essa etapa, você aplica outro remédio, que libera os óvulos, e passa à coleta deles, num procedimento cirúrgico com anestesia e tudo. Ao mesmo tempo, ocorre a coleta de esperma do marido. Em seguida, a equipe médica avalia a condição dos óvulos (alguns são descartados por não estarem prontos) e a partir daí tem início a fertilização in vitro propriamente dita.

Os dias subsequentes a isso são os mais tensos. Diariamente, você é informado pela clínica quantos embriões resultaram do processo e quantos poderão ser implantados (infelizmente, nem todos se desenvolvem). No meu caso, tive apenas dois no primeiro tratamento, dois no segundo, um no terceiro e três no quarto. O ideal é ter embriões a mais, pois assim a clínica os congela e você usa depois, caso não engravide. Como eu nunca conseguia o suficiente para congelar, cada vez que fazia o tratamento precisava começar tudo do zero. Mais agulhadas, mais tensão, mais tudo!

Comecei a ficar bem desanimada. A frase "não vou ser mãe" passava pela minha cabeça várias vezes ao dia. Eu me perguntava por que comigo estava sendo tão difícil. Dizem que manter a positividade durante esses tratamentos é essencial. Concordo. Mas quando estamos vivendo a situação, às vezes é complicado botar a cabeça no lugar.

Outro dia, encontrei um e-mail em que, após uma ultra para monitorar a ovulação durante o quarto (e bem-sucedido!) tratamento, a minha irmã perguntava como estava o processo. A minha resposta foi: "Péssimo. Nenhum óvulo no ovário esquerdo e apenas três no direito". Só que justamente esses três óvulos foram fertilizados e implantados... e hoje se chamam Henrique, Eduardo e Gustavo. Eles são o exemplo de que, ainda que seja muito difícil, vale a pena persistir até conseguir.


Cada um na sua placenta

Uma semana antes do parto


Já em casa


Colo para três!


sexta-feira, 17 de junho de 2016

Pequenos astros

Quando as nossas amigas Bianca e Renata, donas do Ih! Babies, entraram em contato conosco para convidar os meninos a participarem da gravação de um e-comercial, ficamos muito animados. A ideia do site é genial: os pais fazem a lista do que querem ganhar de enxoval para o neném e recebem os presentes em dinheiro. O roteiro do clipe também era muito bacana, com a criançada fazendo a maior bagunça para mostrar que é melhor pegar leve na organização do chá de bebê, guardando as energias para depois do parto. O evento contaria ainda com espaço para os pequenos brincarem e para os pais confraternizarem. Confirmamos presença e aguardamos ansiosos o dia da filmagem.

A propaganda virtual foi gravada em uma manhã, num estúdio que ocupa uma casa no tradicional bairro carioca de Santa Teresa. O ambiente era bem convidativo, e a equipe mais que simpática, mas os meninos chegaram bem ressabiados. Não devem ter entendido nada do que estava acontecendo. As gravações já tinham começado, por isso nos dirigimos aos fundos da casa, uma área externa com mesinha de café da manhã e muitos brinquedos para a garotada. 

Na hora da filmagem dos meninos, deixamos eles só de fralda e os botamos de frente para as câmeras. A ideia era que derrubassem um jogo montado de dominós, mas eles ficaram bem tímidos. Henrique não quis largar o pai, e o Eduardo e Gustavo ficaram parados com uma carinha de "O que está acontecendo?". Em casa, não daria tempo nem de montar cinco peças, que tudo já seria derrubado. Mas ali eles meio que travaram, até o Eduardo quebrar o gelo e o Gustavo entrar também na onda. Na segunda cena, de legos, os meninos já estavam mais à vontade, principalmente o Eduardo. Mas o Henrique continuava tímido e nervoso. Fiz de tudo para ele se juntar aos irmãos, pois não ter o trio completo no comercial seria uma pena. Foi aí que, nos poucos segundos em que ele permaneceu em frente às câmeras, chorando, o Eduardo lhe deu um abraço, criando uma cena linda.

Depois da filmagem, voltamos para a área externa, e aí os três se divertiram bastante com os brinquedos e os amiguinhos. Chegamos em casa já atrasados para o almoço e a soneca da tarde deles, mas a quebra na rotina valeu muito a pena, e confesso que já assisti ao vídeo umas mil vezes!




Diversão nos bastidores!

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Ganhando em real, gastando em euro

Uma das frases que mais ouvimos sobre ser pais de trigêmeos é: “Se um já custa caro, imagine três”. E, embora a maioria não nos pergunte diretamente, muita gente fica curiosa em saber quanto gastamos para cuidar dos meninos. Sem falar em valores, eu diria que o custo varia entre o caro, o muito caro e o caríssimo. Quando os bebês tinham onze meses e fomos entrevistados para o programa “Família é Família”, do GNT, respondi sobre o assunto dizendo que estava ganhando em real e pagando tudo em euro, que na época valia R$3. Hoje em dia estamos gastando alguns euros a menos.  Mas não porque as despesas diminuíram, e sim porque a cotação mudou.
Em alguns casos, as pessoas acabam sendo legais com sua situação. Já ouvi algumas vezes: “Não vou te cobrar vezes três, claro”. Mas não podemos nos animar muito pois de 2,5 não há como escapar.  E tudo começa no parto, que envolve um número maior de profissionais que o habitual (são três pediatras na sala!). Para algo tão delicado, que é o nascimento de trigêmeos, você vai querer os mais qualificados que seu dinheiro possa pagar. Se achar alguém que aceite plano, ótimo. Mas nem sempre é assim.
A despesa constante de farmácia é uma das que mais pesam. Remédios, produtos de higiene, leite, lencinhos e as fraldas. Ah, as fraldas! No primeiro ano, foram oito fraldas diárias para cada um. O equivalente a 30 pacotes mensais. Ou 8640 fraldas até o primeiro aniversário. Dinheiro jogado no lixo, literalmente. Mas e aí? Qual a outra opção? Lavar fraldas de pano? Ao menos, os amigos nos ajudaram muito, e no chá de fraldas lotamos um armário gigante. Também ganhamos muitas roupas e, acredite, mesmo para quem tem uma condição financeira razoável, toda ajuda é válida. Tem roupinhas de segunda mão aí? Nossos meninos aceitam, sim.
Outra grande despesa é a creche. Queríamos uma boa instituição, que ficasse perto de casa por conta da logística. Os preços na Zona Sul do Rio de Janeiro são bem salgados. E ainda tem os uniformes: calças, casacos, shorts, camisetas e regatas. Tudo vezes três. Fora que, com as viroses que acabam surgindo devido à convivência com muitas crianças, quem tem três filhos não pode se dar ao luxo de ficar desatendido em casa. Então é a creche e uma babá "faz-tudo" a postos para qualquer eventualidade.
Aliás, um dos nossos maiores custos sempre foi com ajuda contratada. Embora seja um mercado difícil, tivemos a felicidade de encontrar pessoas dedicadas para cuidarem dos meninos. E, para quem tem condições de pagar, recomendamos: pensem nisso logo de cara. Poder dormir razoavelmente e trabalhar tranquilo não tem preço. Aliás, tem, sim. E é caro! Mas, tirando a parte dos impostos, vale todos os centavos. Só não fique pensando que basta pagar e assistir ao espetáculo dos trigêmeos de camarote. Com três bebês em casa, trabalho é o que não falta e, além da ajuda contratada e dos pais, vovó, vovô e titios também entram na dança.
Brincadeiras à parte, quando resolvemos fazer de tudo pelos meninos, a parte financeira estava incluída no processo. Porém, sair de uma situação tranquila para ter que fazer muitas contas no fim do mês causa um grande impacto em qualquer família. Certamente há maneiras mais baratas de cuidar de trigêmeos. Embora tenhamos dificuldade de imaginar como, sabemos que tem gente que faz isso tão bem quanto nós, com menos recursos. A essas pessoas, fica aqui a nossa sincera admiração.



terça-feira, 31 de maio de 2016

“Não chora, não.”

Todos nos perguntam se os meninos brincam bastante entre si. Respondemos que sim, mas que também saem muitas brigas por aqui. É inevitável, principalmente agora que estão na fase do “é meu, é meu!”. Só que de poucos meses para cá, temos percebido o início de uma amizade muito bonita entre os três irmãos, donos de personalidades completamente singulares.

O Gustavo é o beijoqueiro do trio. Adora abraçar e beijar os irmãos. É prestativo e sempre cita o nome do Henrique e o do Eduardo quando faz alguma atividade, mostrando que é a vez do irmão (pode ser uma brincadeira, o banho, um remédio, etc). O Eduardo é animado, vive brincando de esconde-esconde ou pique-pega com os irmãos. Está sempre de bem com a vida e com um sorriso iluminado no rosto. Já o Henrique é mais reservado, e tem personalidade fortíssima. Quer atenção exclusiva, algo difícil numa casa com três bebês. Até pouco tempo, o meu cunhado Iuri brincava que ele era “filho único com dois irmãos”. Ao mesmo tempo, percebo nele um ar de irmão mais velho (tecnicamente, ele é o primogênito mesmo).

A amizade que está nascendo aqui em casa fica clara em determinadas situações. Outro dia, um episódio nos emocionou e deu a entender que os três serão um grupinho bastante unido. Íamos à pracinha, nosso programa básico. Quando o elevador chegou, o André ainda ia calçar o tênis, e resolvi descer logo com a babá e os meninos porque eles já estavam impacientes para sair de casa. O papai explicou que já ia descer, e assim fomos embora. Só que o Gustavo não entendeu, achou que o pai fosse ficar em casa. E abriu o maior berreiro no elevador. Percebendo a aflição do irmão, Henrique, o mais desenvolto na fala, avisou: “Papai já vem”. Mas o Gustavo continuou nervoso. E foi aí que ele acrescentou, com muito carinho na voz: “Não chora, não!”. E quem quase chorou fui eu.

Eduardo, Gustavo e Henrique, juntinhos aos 6 meses.


Farra na varanda.


Abraço triplo!




quarta-feira, 18 de maio de 2016

Férias sem filhos

A maternidade envolve diversas questões polêmicas: até que idade amamentar, parto normal ou cesárea, deixar o bebê chorando no berço ou acudi-lo, e por aí vai. As discussões chegam a ser calorosas, tanto quanto divergências políticas ou religiosas. E um dos assuntos que geram diferentes pontos de vista é sobre o casal viajar ou não sem os filhos.

Quando engravidei dos meninos, imaginei que só conseguiríamos viajar a dois muitos anos mais tarde. Mas em junho de 2014 um sorteio no trabalho do André de uma viagem para um resort no Nordeste mudou os nossos planos. O prêmio poderia ser usado até junho de 2015, quando os meninos teriam 1 aninho. 

Em princípio, achamos que seria impossível viajar, mas quando começamos a vislumbrar a possibilidade de irmos, um otimismo tomou conta de nós. Maio de 2015 chegou e eu e o André fomos para Porto de Galinhas. Saímos com o coração muito apertado, mas precisávamos descansar. Os meninos, que ainda não estavam na creche, ficaram em casa muito bem cuidados pelos avós Sônia e Zé Carlos, os tios Evelyn e Iuri e as babás. Correu tudo bem.  Voltamos felizes, descansados e com muitas saudades do trio.

Hoje, um ano depois, vamos tirar outro tempo para nós. De novo, uma viagem “caiu no nosso colo” quando uma amiga muito querida, de infância, nos mandou um convite para o seu casamento... na Itália. No belíssimo Lago di Como. O nosso primeiro pensamento foi: “Que pena, não poderemos ir”. Mas aquilo ficou martelando na nossa cabeça e resolvemos fazer outra quebra na rotina. Lá vamos nós. 

Será apenas uma semana de afastamento. Dessa vez, os meninos já estão na creche, o que facilita um pouco as coisas. Por outro lado, eles têm um entendimento maior e podem sentir mais a nossa ausência. Embarcaremos com algumas preocupações e sentindo um friozinho na barriga, torcendo para tudo dar certo no final. Não será como antigamente, na nossa fase de viagens pré-filhos. Mas a volta para casa também será diferente, pois agora teremos três rostinhos lindos nos aguardando ansiosamente!


Ficamos aqui numa boa em maio de 2015...

...brincando bastante...


...enquanto a mamãe e o papai recarregavam as baterias.




quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma carta para a vida toda

Nosso trio nasceu em 18 de abril de 2014. Mas, para mim, um dia tão relevante quanto o do nascimento é o da chegada dos meninos em casa: 9 de maio, após 21 dias de UTI neo-natal. Era uma sexta-feira e, pela manhã, ainda na recepção da maternidade, os coloquei pela primeira vez nos bebês-conforto. Tive alguma dificuldade, e a enfermeira me perguntou: “Papai não treinou antes?” Sim, eu tinha treinado. Mas nos treinos o boneco não se mexia nem chorava. Bem diferente do Henrique, do Eduardo e do Gustavo.

Conosco no trajeto Laranjeiras-Copacabana – um dos mais longos que já dirigi na minha vida! – estavam as avós. Em casa, vovôs, a titia e a babá, que folgaria naquele final de semana. Para a primeira noite em claro, ficaríamos sozinhos, com a obrigação de acordá-los para alimentá-los de três em três horas, o que, até então, era feito por uma extensa equipe de enfermagem. 

O período na UTI foi bem desgastante psicologicamente. Ao nosso lado, víamos casos complicados, que nos faziam agradecer o fato de os três terem nascido saudáveis e estarem ali apenas para ganho de peso. Todos os dias eu verificava quantos gramas eles tinham engordado, na esperança  de que os três atingissem o peso determinado para a liberação. Henrique estava próximo e poderia até ter saído antes, mas, para facilitar nossa logística, esperou os irmãos por alguns dias. Eduardo havia nascido com o menor peso, mas mamava e dormia bem, evoluindo rapidamente. Quem deu mais trabalho foi o Gustavo, que teve dificuldade em sugar, regredindo na alimentação e precisando inclusive do apoio de uma fono.

Naquele período de expectativa no hospital, enquanto fazia o máximo para que pudéssemos ter a família reunida em nossa casa, escrevi uma carta para os três, na esperança de que num futuro breve eles entendam um pouco como foi esse período e o que desejei a eles desde o momento em que soube que viriam juntos.

“Meu amigão,

No momento em que escrevo você tem apenas 15 dias e estamos lutando juntos para que tenha condições de ir para casa. É que você veio pequenininho. Teve de dividir espaço e alimento com seus irmãozinhos e não pôde crescer o suficiente. Papai e mamãe sempre sonharam em ter um bebezinho e – que surpresa! – você não quis vir sozinho. Foi um susto. Você e seus dois irmãozinhos, juntinhos, na barriga da mamãe. Que felicidade e que desafio recebemos ao mesmo tempo. Era uma situação delicada. Mas pela saúde desse trio não poupamos esforços. Fizemos o que foi possível. Mamãe foi heroica, e vocês responderam muito bem. Nasceram com saúde e disposição.

Agora é aqui fora. Nesta etapa, até respirar e se alimentar parece difícil. É só uma amostra do que é a vida. São muitas as batalhas. Você não se lembrará de como foi duro este início. Mas tenho certeza de que fará toda esta luta valer a pena. Estarei pronto para ajudar em tudo.

Espero que você esteja sempre ao lado dos seus irmãos nessa jornada maravilhosa que é a vida. Faça deles seus melhores amigos. Lembre-se que separados você pode ser apenas um entre bilhões no mundo, mas junto a eles sempre se tornará especial.”

Faltou mão para segurar os três!

Henrique já tinha pose de rei!

Eduardo esperava ansiosamente a mamadeira.

Gustavo só queria saber de dormir.

Reunidos em casa.





quarta-feira, 4 de maio de 2016

Coragem para sair de casa

Sempre achei que seria o tipo de mãe moderna e desencanada que carrega sozinha o filho para tudo quanto é lugar: shopping, praia, restaurantes, o que fosse. Mas a realidade é que sair com três bebês, sem ajuda, não é nada simples. Só de pensar em arrumá-los, preparar as bolsas, ir até o carro e prender cada um na cadeirinha já me dá desespero. Enquanto você apronta um dos bebês, os outros já perderam a paciência de esperar - é confusão certa!

No primeiro ano de vida dos meninos, nossas saídas limitavam-se a dar várias voltas com eles na pracinha ou a passear no calçadão de Copacabana, onde moramos. Muitas vezes o caos imperava: um dos bebês chorava sem parar quando estávamos longe de casa e, como não tínhamos como acalmá-lo tirando do carrinho (falta de braços), voltávamos correndo, frustrados. Quando fizeram uns seis meses, passamos a parar um pouco na pracinha. Mas quando abríamos o tapetinho deles, de repente cada um rolava para um lado, enfiando a mão (ou a cara) na terra. Também não dava muito certo. Com o passar do tempo, felizmente os programas foram ficando mais tranquilos e divertidos.      

A pracinha tornou-se o nosso quintal. Começamos também a frequentar o Jardim Botânico (o vovô Zé Carlos nos presenteou com carteirinhas de sócios), a Lagoa, o Parque Lage e até arriscamos levá-los ao teatro três vezes (um sucesso!). Fora as festinhas infantis, que são sempre um ótimo programa, com diversão garantida. 

A imagem que eu tinha de mim mesma como mãe, botando a criança no carro e saindo por aí, não se concretizou. Tivemos que mudar de veículo para poder acomodar a família e as babás, e confesso que não me animo muito a dirigi-lo (acho muito grande!). Mas, quando o André não pode sair conosco porque está no trabalho, chamo um uber ou um táxi e partimos para os programas. Sempre com a ajuda de pelo menos uma pessoa. Na vida a gente tem que se adaptar!  

Eduardo, Henrique e Gustavo na pracinha.

Passeio ao parque do Jardim Botânico.

Na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Um dos primeiros passeios de carro.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Nasce o primeiro texto

Foi preciso engessar a perna para finalmente botar em prática uma ideia que está na minha cabeça desde o nascimento dos trigêmeos: escrever um blog sobre a nossa experiência como pais de três meninos. Durante a gravidez, recorremos diversas vezes à internet para nos prepararmos para a grande tarefa que estava por vir, e prometi a mim mesma que, assim que possível, também ajudaria outros pais de gemelares a partir dos nossos relatos. Pois é, só agora tive esta oportunidade, dois anos depois, e com a mamãe aqui de perna pro alto por conta de uma fratura no pé.

É estranho pensar que os meninos já estão com dois aninhos.  Ao contrário do que muitos pais dizem por aí sobre a experiência deles, para nós não passou rápido. Foi tanta ralação até este momento, que na verdade parece que me tornei mãe há uns dez anos! Quando lembramos dos três na UTI, pequenininhos e frágeis, e olhamos para eles correndo pela sala e “conversando” conosco, muitas cenas vêm à nossa cabeça.

Foram quatro tentativas de Fertilização In Vitro (FIV) e, voilà!, viramos pais de trigêmeos. A partir daí, foi botar a cabeça no lugar e começar os preparativos. Tentamos nos organizar da melhor forma possível quanto à escolha dos carrinhos, enxoval, equipe de trabalho, pediatra, etc. Mas não tínhamos ideia do quão difícil seria cuidar de três filhos. Quando chegamos com eles da maternidade, após 21 dias de UTI Neonatal, vimos que algumas coisas que havíamos planejado não dariam certo, e fomos adaptando tudo à nova rotina. Aprendemos muito nesse caminho, e é isso que queremos compartilhar com vocês.

Chegamos!