quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma carta para a vida toda

Nosso trio nasceu em 18 de abril de 2014. Mas, para mim, um dia tão relevante quanto o do nascimento é o da chegada dos meninos em casa: 9 de maio, após 21 dias de UTI neo-natal. Era uma sexta-feira e, pela manhã, ainda na recepção da maternidade, os coloquei pela primeira vez nos bebês-conforto. Tive alguma dificuldade, e a enfermeira me perguntou: “Papai não treinou antes?” Sim, eu tinha treinado. Mas nos treinos o boneco não se mexia nem chorava. Bem diferente do Henrique, do Eduardo e do Gustavo.

Conosco no trajeto Laranjeiras-Copacabana – um dos mais longos que já dirigi na minha vida! – estavam as avós. Em casa, vovôs, a titia e a babá, que folgaria naquele final de semana. Para a primeira noite em claro, ficaríamos sozinhos, com a obrigação de acordá-los para alimentá-los de três em três horas, o que, até então, era feito por uma extensa equipe de enfermagem. 

O período na UTI foi bem desgastante psicologicamente. Ao nosso lado, víamos casos complicados, que nos faziam agradecer o fato de os três terem nascido saudáveis e estarem ali apenas para ganho de peso. Todos os dias eu verificava quantos gramas eles tinham engordado, na esperança  de que os três atingissem o peso determinado para a liberação. Henrique estava próximo e poderia até ter saído antes, mas, para facilitar nossa logística, esperou os irmãos por alguns dias. Eduardo havia nascido com o menor peso, mas mamava e dormia bem, evoluindo rapidamente. Quem deu mais trabalho foi o Gustavo, que teve dificuldade em sugar, regredindo na alimentação e precisando inclusive do apoio de uma fono.

Naquele período de expectativa no hospital, enquanto fazia o máximo para que pudéssemos ter a família reunida em nossa casa, escrevi uma carta para os três, na esperança de que num futuro breve eles entendam um pouco como foi esse período e o que desejei a eles desde o momento em que soube que viriam juntos.

“Meu amigão,

No momento em que escrevo você tem apenas 15 dias e estamos lutando juntos para que tenha condições de ir para casa. É que você veio pequenininho. Teve de dividir espaço e alimento com seus irmãozinhos e não pôde crescer o suficiente. Papai e mamãe sempre sonharam em ter um bebezinho e – que surpresa! – você não quis vir sozinho. Foi um susto. Você e seus dois irmãozinhos, juntinhos, na barriga da mamãe. Que felicidade e que desafio recebemos ao mesmo tempo. Era uma situação delicada. Mas pela saúde desse trio não poupamos esforços. Fizemos o que foi possível. Mamãe foi heroica, e vocês responderam muito bem. Nasceram com saúde e disposição.

Agora é aqui fora. Nesta etapa, até respirar e se alimentar parece difícil. É só uma amostra do que é a vida. São muitas as batalhas. Você não se lembrará de como foi duro este início. Mas tenho certeza de que fará toda esta luta valer a pena. Estarei pronto para ajudar em tudo.

Espero que você esteja sempre ao lado dos seus irmãos nessa jornada maravilhosa que é a vida. Faça deles seus melhores amigos. Lembre-se que separados você pode ser apenas um entre bilhões no mundo, mas junto a eles sempre se tornará especial.”

Faltou mão para segurar os três!

Henrique já tinha pose de rei!

Eduardo esperava ansiosamente a mamadeira.

Gustavo só queria saber de dormir.

Reunidos em casa.





9 comentários:

  1. Como é bom ler e relembrar esses momentos iniciais da vida dos pequenos...melhor ainda é olhar pra eles 2 anos depois e saber que estamos no caminho certo. Que eles estão aí bem e felizes e que fomos e seremos sempre parte disso. Beijos da titia Evelyn e do tio Iu.

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  2. Que linda história, emocionante ler e ver de perto como crescem e como são alegres esses pequenos.

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  3. Tive a felicidade de vivenciar tudo isso.Momentos inesquecíveis...Amo demais esse trio.

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  4. Aviso! Este blog não é recomendado para leituras em viagens, longe da família.

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  5. Hahaha! O post de quarta pode ser lido em viagens numa boa. Aguarde. rs Bjs e obrigada por nos acompanhar!

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