terça-feira, 5 de julho de 2016

Três motivos para nunca desistir

Há cerca de um mês, recebi um e-mail de uma leitora do blog que está tentando engravidar. Ela, assim como eu, teve endometriose nos ovários e escreveu para saber mais sobre os tratamentos que fiz e acerca do processo todo em geral. Enquanto eu lhe respondia, pensei em tudo que passamos até a confirmação da gravidez, e resolvi compartilhar com vocês esse período marcado pela incerteza.

Primeiro preciso dizer que quando comecei a tentar engravidar foi mais por conta da endometriose, já operada. Não fosse esse dificultador, teríamos esperado mais, e acho que por isso não fiquei ansiosa logo de cara. Mas o tempo foi passando... e nada. Quando completamos um ano de tentativas, eu já estava tensa, e o André, aflito com a minha angústia. Segundo o médico, era hora de partir para um tratamento de reprodução.

Começamos direto na FIV, mais cara porém normalmente mais eficaz. Teria sido um ótimo momento para começar também um acompanhamento psicológico, mas eu estava tão focada em ser mãe que considerei a terapia desnecessária - um grande erro da minha parte, pois eu não sabia o quanto esse processo de fertilização pode nos desgastar emocionalmente.

São várias fases. Na primeira, você recebe (ou se autoaplica) as injeções de hormônios que estimulam a produção de óvulos. Remédios extremamente caros, diga-se de passagem! E, enquanto ovula, o médico monitora a quantidade de óvulos através de ultrassonografias diárias. Passada essa etapa, você aplica outro remédio, que libera os óvulos, e passa à coleta deles, num procedimento cirúrgico com anestesia e tudo. Ao mesmo tempo, ocorre a coleta de esperma do marido. Em seguida, a equipe médica avalia a condição dos óvulos (alguns são descartados por não estarem prontos) e a partir daí tem início a fertilização in vitro propriamente dita.

Os dias subsequentes a isso são os mais tensos. Diariamente, você é informado pela clínica quantos embriões resultaram do processo e quantos poderão ser implantados (infelizmente, nem todos se desenvolvem). No meu caso, tive apenas dois no primeiro tratamento, dois no segundo, um no terceiro e três no quarto. O ideal é ter embriões a mais, pois assim a clínica os congela e você usa depois, caso não engravide. Como eu nunca conseguia o suficiente para congelar, cada vez que fazia o tratamento precisava começar tudo do zero. Mais agulhadas, mais tensão, mais tudo!

Comecei a ficar bem desanimada. A frase "não vou ser mãe" passava pela minha cabeça várias vezes ao dia. Eu me perguntava por que comigo estava sendo tão difícil. Dizem que manter a positividade durante esses tratamentos é essencial. Concordo. Mas quando estamos vivendo a situação, às vezes é complicado botar a cabeça no lugar.

Outro dia, encontrei um e-mail em que, após uma ultra para monitorar a ovulação durante o quarto (e bem-sucedido!) tratamento, a minha irmã perguntava como estava o processo. A minha resposta foi: "Péssimo. Nenhum óvulo no ovário esquerdo e apenas três no direito". Só que justamente esses três óvulos foram fertilizados e implantados... e hoje se chamam Henrique, Eduardo e Gustavo. Eles são o exemplo de que, ainda que seja muito difícil, vale a pena persistir até conseguir.


Cada um na sua placenta

Uma semana antes do parto


Já em casa


Colo para três!


3 comentários:

  1. Isso me lançou pro momento exato em que eu dirigia pra Leopoldina, nossa pequena ainda bem pequena, o pin no WhatsApp da Alê e a grande notícia... rsrsrs... Acho que até hoje não me recobrei!!!
    Lindo texto!

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  2. Muito bem redigido para quem quer viver uma linda história como a de vocês
    Bjs para os fofuchosos e para os papais

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  3. Valeu muito a pena os momentos difíceis.Os lindos meninos são toda recompensa do corajoso processo.Bjos saudosos.

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