terça-feira, 31 de maio de 2016

“Não chora, não.”

Todos nos perguntam se os meninos brincam bastante entre si. Respondemos que sim, mas que também saem muitas brigas por aqui. É inevitável, principalmente agora que estão na fase do “é meu, é meu!”. Só que de poucos meses para cá, temos percebido o início de uma amizade muito bonita entre os três irmãos, donos de personalidades completamente singulares.

O Gustavo é o beijoqueiro do trio. Adora abraçar e beijar os irmãos. É prestativo e sempre cita o nome do Henrique e o do Eduardo quando faz alguma atividade, mostrando que é a vez do irmão (pode ser uma brincadeira, o banho, um remédio, etc). O Eduardo é animado, vive brincando de esconde-esconde ou pique-pega com os irmãos. Está sempre de bem com a vida e com um sorriso iluminado no rosto. Já o Henrique é mais reservado, e tem personalidade fortíssima. Quer atenção exclusiva, algo difícil numa casa com três bebês. Até pouco tempo, o meu cunhado Iuri brincava que ele era “filho único com dois irmãos”. Ao mesmo tempo, percebo nele um ar de irmão mais velho (tecnicamente, ele é o primogênito mesmo).

A amizade que está nascendo aqui em casa fica clara em determinadas situações. Outro dia, um episódio nos emocionou e deu a entender que os três serão um grupinho bastante unido. Íamos à pracinha, nosso programa básico. Quando o elevador chegou, o André ainda ia calçar o tênis, e resolvi descer logo com a babá e os meninos porque eles já estavam impacientes para sair de casa. O papai explicou que já ia descer, e assim fomos embora. Só que o Gustavo não entendeu, achou que o pai fosse ficar em casa. E abriu o maior berreiro no elevador. Percebendo a aflição do irmão, Henrique, o mais desenvolto na fala, avisou: “Papai já vem”. Mas o Gustavo continuou nervoso. E foi aí que ele acrescentou, com muito carinho na voz: “Não chora, não!”. E quem quase chorou fui eu.

Eduardo, Gustavo e Henrique, juntinhos aos 6 meses.


Farra na varanda.


Abraço triplo!




quarta-feira, 18 de maio de 2016

Férias sem filhos

A maternidade envolve diversas questões polêmicas: até que idade amamentar, parto normal ou cesárea, deixar o bebê chorando no berço ou acudi-lo, e por aí vai. As discussões chegam a ser calorosas, tanto quanto divergências políticas ou religiosas. E um dos assuntos que geram diferentes pontos de vista é sobre o casal viajar ou não sem os filhos.

Quando engravidei dos meninos, imaginei que só conseguiríamos viajar a dois muitos anos mais tarde. Mas em junho de 2014 um sorteio no trabalho do André de uma viagem para um resort no Nordeste mudou os nossos planos. O prêmio poderia ser usado até junho de 2015, quando os meninos teriam 1 aninho. 

Em princípio, achamos que seria impossível viajar, mas quando começamos a vislumbrar a possibilidade de irmos, um otimismo tomou conta de nós. Maio de 2015 chegou e eu e o André fomos para Porto de Galinhas. Saímos com o coração muito apertado, mas precisávamos descansar. Os meninos, que ainda não estavam na creche, ficaram em casa muito bem cuidados pelos avós Sônia e Zé Carlos, os tios Evelyn e Iuri e as babás. Correu tudo bem.  Voltamos felizes, descansados e com muitas saudades do trio.

Hoje, um ano depois, vamos tirar outro tempo para nós. De novo, uma viagem “caiu no nosso colo” quando uma amiga muito querida, de infância, nos mandou um convite para o seu casamento... na Itália. No belíssimo Lago di Como. O nosso primeiro pensamento foi: “Que pena, não poderemos ir”. Mas aquilo ficou martelando na nossa cabeça e resolvemos fazer outra quebra na rotina. Lá vamos nós. 

Será apenas uma semana de afastamento. Dessa vez, os meninos já estão na creche, o que facilita um pouco as coisas. Por outro lado, eles têm um entendimento maior e podem sentir mais a nossa ausência. Embarcaremos com algumas preocupações e sentindo um friozinho na barriga, torcendo para tudo dar certo no final. Não será como antigamente, na nossa fase de viagens pré-filhos. Mas a volta para casa também será diferente, pois agora teremos três rostinhos lindos nos aguardando ansiosamente!


Ficamos aqui numa boa em maio de 2015...

...brincando bastante...


...enquanto a mamãe e o papai recarregavam as baterias.




quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma carta para a vida toda

Nosso trio nasceu em 18 de abril de 2014. Mas, para mim, um dia tão relevante quanto o do nascimento é o da chegada dos meninos em casa: 9 de maio, após 21 dias de UTI neo-natal. Era uma sexta-feira e, pela manhã, ainda na recepção da maternidade, os coloquei pela primeira vez nos bebês-conforto. Tive alguma dificuldade, e a enfermeira me perguntou: “Papai não treinou antes?” Sim, eu tinha treinado. Mas nos treinos o boneco não se mexia nem chorava. Bem diferente do Henrique, do Eduardo e do Gustavo.

Conosco no trajeto Laranjeiras-Copacabana – um dos mais longos que já dirigi na minha vida! – estavam as avós. Em casa, vovôs, a titia e a babá, que folgaria naquele final de semana. Para a primeira noite em claro, ficaríamos sozinhos, com a obrigação de acordá-los para alimentá-los de três em três horas, o que, até então, era feito por uma extensa equipe de enfermagem. 

O período na UTI foi bem desgastante psicologicamente. Ao nosso lado, víamos casos complicados, que nos faziam agradecer o fato de os três terem nascido saudáveis e estarem ali apenas para ganho de peso. Todos os dias eu verificava quantos gramas eles tinham engordado, na esperança  de que os três atingissem o peso determinado para a liberação. Henrique estava próximo e poderia até ter saído antes, mas, para facilitar nossa logística, esperou os irmãos por alguns dias. Eduardo havia nascido com o menor peso, mas mamava e dormia bem, evoluindo rapidamente. Quem deu mais trabalho foi o Gustavo, que teve dificuldade em sugar, regredindo na alimentação e precisando inclusive do apoio de uma fono.

Naquele período de expectativa no hospital, enquanto fazia o máximo para que pudéssemos ter a família reunida em nossa casa, escrevi uma carta para os três, na esperança de que num futuro breve eles entendam um pouco como foi esse período e o que desejei a eles desde o momento em que soube que viriam juntos.

“Meu amigão,

No momento em que escrevo você tem apenas 15 dias e estamos lutando juntos para que tenha condições de ir para casa. É que você veio pequenininho. Teve de dividir espaço e alimento com seus irmãozinhos e não pôde crescer o suficiente. Papai e mamãe sempre sonharam em ter um bebezinho e – que surpresa! – você não quis vir sozinho. Foi um susto. Você e seus dois irmãozinhos, juntinhos, na barriga da mamãe. Que felicidade e que desafio recebemos ao mesmo tempo. Era uma situação delicada. Mas pela saúde desse trio não poupamos esforços. Fizemos o que foi possível. Mamãe foi heroica, e vocês responderam muito bem. Nasceram com saúde e disposição.

Agora é aqui fora. Nesta etapa, até respirar e se alimentar parece difícil. É só uma amostra do que é a vida. São muitas as batalhas. Você não se lembrará de como foi duro este início. Mas tenho certeza de que fará toda esta luta valer a pena. Estarei pronto para ajudar em tudo.

Espero que você esteja sempre ao lado dos seus irmãos nessa jornada maravilhosa que é a vida. Faça deles seus melhores amigos. Lembre-se que separados você pode ser apenas um entre bilhões no mundo, mas junto a eles sempre se tornará especial.”

Faltou mão para segurar os três!

Henrique já tinha pose de rei!

Eduardo esperava ansiosamente a mamadeira.

Gustavo só queria saber de dormir.

Reunidos em casa.





quarta-feira, 4 de maio de 2016

Coragem para sair de casa

Sempre achei que seria o tipo de mãe moderna e desencanada que carrega sozinha o filho para tudo quanto é lugar: shopping, praia, restaurantes, o que fosse. Mas a realidade é que sair com três bebês, sem ajuda, não é nada simples. Só de pensar em arrumá-los, preparar as bolsas, ir até o carro e prender cada um na cadeirinha já me dá desespero. Enquanto você apronta um dos bebês, os outros já perderam a paciência de esperar - é confusão certa!

No primeiro ano de vida dos meninos, nossas saídas limitavam-se a dar várias voltas com eles na pracinha ou a passear no calçadão de Copacabana, onde moramos. Muitas vezes o caos imperava: um dos bebês chorava sem parar quando estávamos longe de casa e, como não tínhamos como acalmá-lo tirando do carrinho (falta de braços), voltávamos correndo, frustrados. Quando fizeram uns seis meses, passamos a parar um pouco na pracinha. Mas quando abríamos o tapetinho deles, de repente cada um rolava para um lado, enfiando a mão (ou a cara) na terra. Também não dava muito certo. Com o passar do tempo, felizmente os programas foram ficando mais tranquilos e divertidos.      

A pracinha tornou-se o nosso quintal. Começamos também a frequentar o Jardim Botânico (o vovô Zé Carlos nos presenteou com carteirinhas de sócios), a Lagoa, o Parque Lage e até arriscamos levá-los ao teatro três vezes (um sucesso!). Fora as festinhas infantis, que são sempre um ótimo programa, com diversão garantida. 

A imagem que eu tinha de mim mesma como mãe, botando a criança no carro e saindo por aí, não se concretizou. Tivemos que mudar de veículo para poder acomodar a família e as babás, e confesso que não me animo muito a dirigi-lo (acho muito grande!). Mas, quando o André não pode sair conosco porque está no trabalho, chamo um uber ou um táxi e partimos para os programas. Sempre com a ajuda de pelo menos uma pessoa. Na vida a gente tem que se adaptar!  

Eduardo, Henrique e Gustavo na pracinha.

Passeio ao parque do Jardim Botânico.

Na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Um dos primeiros passeios de carro.